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Parque Paleontológico de Itaboraí: preservando o passado e formando o futuro

Imagine um lugar em que as paisagens e os segredos do passado se encontram, revelando um cenário repleto de riquezas naturais e históricas. Em Itaboraí, esse lugar existe: o Parque Paleontológico de São José. Reconhecido como um dos mais importantes sítios paleontológicos do Brasil, ele guarda evidências dos primeiros mamíferos que habitaram o território nacional após a extinção dos dinossauros. Caminhar por suas trilhas é como folhear as páginas de um livro da história da Terra, onde cada pedra e cada fragmento preservado guarda um segredo esperando para ser descoberto.

O parque, oficialmente inaugurado em 1995 e elevado a Unidade de Conservação em 2018, atrai mais de 12 mil visitantes por ano. Estudantes, pesquisadores e curiosos caminham pelas trilhas e aprendem sobre espécies extintas, como o tatu Rioestogotherium, considerado o mais antigo do mundo e a gigantesca preguiça Eremotherium laurillardi, que viveu em tempos mais recentes: entre 2 milhões e 10 mil anos atrás. Pesquisadores acreditam que ela pode ter tido contato com humanos, no local também foram descobertos vestígios de uma fogueira de 8 mil anos.  Para além de um espaço científico, o Parque de São José é um ponto de encontro entre história e educação.

A origem dessa preciosidade remonta ao início do século XX, quando um fazendeiro da região encontrou depósitos de calcário, fundamentais para a construção civil. Em 1928, a área foi adquirida por uma empresa de cimento, que começou a extração de cal no local. O material foi usado em grandes obras do Rio, como na construção do Maracanã e da Ponte Rio-Niterói. Foi durante essas escavações que os fósseis começaram a aparecer, marcando o início da história paleontológica de Itaboraí.

Hoje, o parque preserva vestígios de animais que encantam crianças e adultos. Uma das principais atrações é a réplica em tamanho real da preguiça-gigante, que impressiona pelo porte e pela imponência. Além disso, suas formações rochosas despertam o interesse de cientistas por sua semelhança com as do pré-sal. Esse fator também atrai pesquisadores de órgãos como a Petrobras, consolidando o parque como um centro de relevância internacional.

Para estimular o conhecimento científico, o Parque Paleontológico de São José desenvolve projetos como o Jovens Talentos, voltado para estudantes da rede pública. O programa oferece uma experiência única para os jovens, como o estudante João Gabriel Sutero, de 16 anos, que sonha em ser biólogo ou paleontólogo. Ele descreve sua experiência como “uma oportunidade única” para aprender sobre paleontologia, educação ambiental e geologia, além de ser incentivado a explorar novas formas de pensar e aplicar o conhecimento.

Luis Otavio Resende Castro, coordenador do parque e biólogo/paleontólogo de 36 anos, também tem uma conexão pessoal com o programa. Ele é fruto do projeto Jovens Talentos, que foi parte fundamental de sua formação.  “Aqui eles aprendem a desenvolver pesquisa, a fazer educação ambiental e patrimonial”, afirma. Para ele, o desafio da gestão do parque vai além da conservação científica; é também sobre a relação com a comunidade.

“O nosso desafio como gestão é mostrar a importância do parque para a população do seu entorno, porque se uma unidade de conservação não prestar o seu papel social para o entorno, ela não precisa existir”, enfatiza.

Se você é estudante ou educador, também pode participar de visitas monitoradas. Cada grupo é limitado a 40 pessoas e recebe acompanhamento especializado para vivenciar uma experiência segura e enriquecedora. Contudo, é essencial planejar a visita com antecedência e entrar em contato para agendar, através do Instagram @pnmpsji.

É importante ressaltar que o parque ainda enfrenta desafios como a dependência de caminhões-pipa para o abastecimento de água. Segundo o coordenador do parque, essa situação está prevista para ser resolvida em 2025.

O impacto do Parque de São José vai além das fronteiras de Itaboraí. Seu acervo está distribuído em instituições renomadas, como o Museu Nacional, a Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul e o Museu Americano de História Natural, em Nova Yorque. Mesmo após o incêndio que devastou o Museu Nacional, os fósseis de Itaboraí continuam sendo uma referência imprescindível para a ciência.

Uma visita ao Parque Paleontológico de São José é um convite para viajar no tempo e descobrir as maravilhas que o passado pode ensinar ao presente. Caminhar por suas trilhas é mais do que um passeio, é a chance de se conectar com a história, a natureza e a promessa de um futuro sustentado pelo conhecimento.

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