Texto da assistente social Lindyce Branco
O câncer de mama é uma das doenças que mais afeta as mulheres no Brasil e no mundo. Quando detectado precocemente, as chances de cura são elevadas, mas, infelizmente, muitas mulheres enfrentam desafios imensos para conseguir o tratamento adequado. Em cidades como Itaboraí, no estado do Rio de Janeiro, essa luta torna-se ainda mais árdua. A demora em conseguir uma consulta, realizar exames e iniciar o tratamento muitas vezes coloca a vida das pacientes em risco. O descaso da saúde pública é evidente, e o sistema de saúde não consegue acompanhar a crescente procura por atendimento especializado.
As mulheres de Itaboraí frequentemente relatam dificuldades em encontrar vagas para consultas com mastologistas, realizar mamografias e, ainda mais grave, iniciar o tratamento adequado após o diagnóstico. Esta espera pode durar meses, um tempo precioso para quem precisa de cuidados urgentes. Muitas vezes, o câncer da mama, que poderia ser tratado em estágios iniciais, evolui para fases mais graves devido à negligência e à ineficiência do sistema público de saúde. Além disso, o psicológico das pacientes também é afetado, pois não recebem o acolhimento necessário durante este período tão delicado.
O Outubro Rosa, campanha mundial de consciencialização sobre o câncer da mama, é especialmente importante em locais como Itaboraí. Para além da divulgação sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce, o movimento deve servir também como um apelo por melhorias na saúde pública. É o momento de chamar a atenção das autoridades para as condições desumanas enfrentadas pelas mulheres da cidade de Itaboraí, que lutam para sobreviver num sistema falho. O Outubro Rosa é um lembrete de que a saúde da mulher precisa ser uma prioridade em todo o país.
Por isso, quando pensamos no Outubro Rosa, não se trata apenas de usar a cor rosa ou de lembrar de fazer o autoexame. Para as mulheres de Itaboraí, é um símbolo de resistência, de luta por direitos e de esperança de que, um dia, todas terão acesso digno ao tratamento, independentemente de onde moram. O câncer da mama não espera.
Lindyce Branco, assistente social, formada em Serviço Social, 29 anos e é natural de Itaboraí, Rio de Janeiro. Desde cedo, Lindyce demonstrou interesse em questões sociais e comunitárias, dedicando a sua vida profissional à defesa dos direitos humanos e à melhoria das condições de vida das populações mais vulneráveis.