Texto de Irene Graciete Cezario Violante
A cidade de Itaboraí é cercada de mistérios e fatos marcantes. Ela possui patrimônios históricos de séculos passados que muitos desconhecem. Quem percorre por estas terras, se depara com um monumento que desperta uma gama de curiosidades, uma delas é: as ruínas de um convento. Em meio a uma área florestal, inserido nas áreas do Polo GASLUB, pertencente à PETROBRAS, encontra-se as ruínas do Convento São Boaventura, erguida no século XVII, entre 1660 e 1670, sob o comando do Frei Consalo da Conceição. Ao lado desta, localiza-se também as ruínas da Igreja Conventual de São Boaventura e da Ordem Terceira São Francisco da Penitência.
De acordo com os escritos do frei Antônio de Santa Maria Jaboatão, que viveu no século XVIII, foi o décimo terceiro convento do território Nacional. Naquela época, era comum os franciscanos se estruturarem em lugares mais recatados. Com o decorrer dos tempos, entre os anos de 1850 até 1922, o convento passou a funcionar também como uma Casa de Caridade.
O professor de história Gilciano M. Costa, que já realizou pesquisas sobre o local, revela algumas curiosidades. Uma delas é a ausência de bancos no interior da igreja. No século XVIII, as pessoas sentavam-se no chão, na tribuna ou ficavam na parte externa na entrada da igreja. A antiga igreja foi ornamentada pelos melhores artistas da época, inclusive alguns dos quais eram escravos. Na nave do templo havia um órgão que acompanhava as músicas cantadas pelos frades durante a missa. O crasto do convento era o local mais modesto, pois não havia riqueza nem ornamentação devido aos princípios franciscanos de austeridade e simplicidade. O local era de convivência das tarefas cotidianas realizadas pelos frades. No refeitório, bancos e mesas eram coletivos e ao canto avistava-se um púlpito. Na cozinha, além do preparo dos alimentos, eram armazenados água e mantimentos para posterior doação aos necessitados da comunidade. Na biblioteca estava reunido as preciosas edições das sagradas escrituras. No segundo andar ficavam as celas para orações e penitência.
Desde 1978, as ruínas do convento são tombadas tanto no âmbito estadual pelo INEPAC quanto no âmbito federal pelo IPHAN.
Atualmente, o acesso às ruínas está restrito, estando fechado para o público em geral.