O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma realidade que afeta milhões de brasileiros. Segundo o Ministério da Saúde, o TEA é um distúrbio que altera as funções do neurodesenvolvimento, impactando a comunicação, a interação social e o comportamento.
Com uma população de mais de 6 milhões de pessoas com autismo ou até mais, o Brasil enfrenta desafios complexos na garantia de apoio e recursos necessários para essa comunidade. Esses são resultados de pesquisas científicas realizadas em todo o mundo e foram atualizados em março de 2023, com base do autismo nos Estados Unidos, divulgada pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC).
Em Itaboraí, Thaís Cusate Machado, de 35 anos, e Lorena Silva Macedo, de 37 anos, compartilham suas experiências de criar filhos com TEA. Thaís é mãe de gêmeos, João Gabriel e João Miguel de 6 anos, que foram diagnosticados com TEA quando tinham 2 anos, ainda na creche. Ela passou por um período de negação e tristeza, mas encontrou forças para buscar respostas e tratamento para seus filhos. Os gêmeos faziam todas as terapias particular, o que acarretava em um grande custo financeiro, os familiares colocaram os irmãos na fila para tratamento gratuito na Casa do Autista em Itaboraí, o que demorou 3 anos para ser chamado. A alegria de poder desfrutar do serviço gratuito foi grande, porém hoje o João Miguel não está fazendo as terapias, está na fase da medicação, o que a mãe considera ruim, pois segundo ela, João Miguel ao invés de evoluir regrediu sem as terapias, já o João Gabriel faz apenas uma terapia por semana, de aproximadamente 30 minutos, o que a mãe considera insuficiente para o desenvolvimento dele. “O que foi motivo de alegria, ser chamada para uma clínica gratuita de tratamento para autista aqui em Itaborai, hoje já não é mais, não estou negando a capacidade dos profissionais da clínica, mais sim o tratamento que são oferecidos para os meus filhos, eu não sinto que aqui é o melhor lugar para o tratamento dos meus pequenos” Afirma Thais. A mãe dos gêmeos diz que pretende assim que tiver condições financeiras fazer tratamento particular, mesmo que isso seja difícil financeiramente, ela quer estar segura no tratamento que está sendo oferecido para seus filhos.
“João Miguel é um autista não verbal, mas eu consigo ouvir o som que sai dos seus olhos, e é a coisa mais linda!” diz Thais.
Já Lorena é mãe de Théo Macêdo Costa, de 4 anos, cujos sinais de autismo começaram a se manifestar quando ele tinha 1 ano. Ela percebeu a importância do estímulo e do respeito aos limites de Théo para garantir que ele seja uma criança feliz, apaixonada por atividades comuns a outras crianças.
O olhar da especialista:
A neurologista Isabella Braga Coutinho Lourenço enfatiza a importância de entender que cada pessoa com TEA é única, e que tudo deve ser avaliado dentro de um contexto individual. Ela descreve alguns sinais comuns do TEA, como a falta de contato visual, dificuldade na expressão de sentimentos e comportamentos repetitivos. O diagnóstico do autismo é clínico e não depende de exames específicos. A médica neurologista conduz testes e avaliações neuropsicológicas para diagnosticar o transtorno, e ela ressalta a necessidade de buscar ajuda médica ao observar sintomas típicos, como atrasos na fala, estereotipias (movimentos com as mãos) ou inflexibilidade do comportamento, ainda que tais características mudem ao longo do tempo. Qualquer criança que tem ou já teve tais sintomas devem ser avaliada por um médico para diagnóstico e intervenções do transtorno.
A Dra. Isabella também destaca que as pessoas com autismo têm características peculiares, incluindo uma menor habilidade social, mas também uma hipersensibilidade que as torna capazes de sentir profundamente o amor que lhes é dado. “É fundamental ter paciência, aceitar as diferenças, respeitar suas habilidades naturais e seu desenvolvimento como ser humano. O amor sempre será o principal tratamento”, afirma a neurologista.
A médica neurologista, especialista em neurociência e comportamentos, atende em consultórios em Itaboraí, São Gonçalo e Niterói. Em Itaboraí, a especialista atende na Av. 22 de Maio, 3850, sala 203 e 205 no Outeiro das Pedras. Telefone 98541-1108. Instagram @dra.isabellabraganeuro
O TEA é uma realidade que afeta milhões de brasileiros e suas famílias. As histórias de Thaís, Lorena e a orientação da neurologista Isabella Braga Coutinho Lourenço demonstram a importância do diagnóstico precoce, tratamento adequado e, acima de tudo, do amor e da aceitação das diferenças. O Brasil precisa continuar a buscar maneiras de oferecer suporte e recursos para a crescente população de pessoas com autismo, garantindo que cada indivíduo possa alcançar seu potencial e desfrutar de uma vida feliz e saudável.
Entramos em contato com a prefeitura de Itaboraí para saber sobre a fila de espera para o atendimento na Clínica do Autista na cidade, mas até o fechamento desta matéria, não tivemos respostas.
